Adeus, norma!
Praticando a autoanálise a que diariamente me submeto percebi o surgimento de uma necessidade [minha] criada a partir de um sentimento coletivo que age através da coerção social. A dificuldade em abordar esse tema advém da complexidade de sua fundamentação, pois mesmo que a maioria dos indivíduos do grupo seja capaz de perceber tal processo - e ainda que grande parte dessa maioria reconheça a ação individual que cria a ação coletiva -, o distanciamento do sujeito à conseqüência de seu modo de agir parece dar margem ao não-reconhecimento da responsabilidade e, em síntese, à fuga da proposta de solução a alguns díspares percebidos no comportamento coletivo x comportamento individual.
O problema específico é a linguagem escrita. Certamente o dinamismo proporcionado pelos meios de comunicação atuais, dentre os quais destacam-se a internet e a telefonia móvel, contribui para o desenvolvimento de uma linguagem específica, escrita, porém que se distancia da norma culta pela praticidade e utilização cotidiana, representando mais realisticamente o português da fala e, em alguns casos, sobrepujando-o com siglas (e.g. wtf), gírias (e.g. sacomé), distorções de palavras (e.g. naum) e até erros crassos (e.g. agente em vez de “a gente”) que formam o que convencionou-se chamar, em artigos na internet e outros meios por aí, “internetês”.
O que me preocupa não é faltar gente que saiba explicar a correta utilização dos pronomes, conjugue todos os verbos sem falhar ou saiba classificar advérbios mas a proliferação da utilização de uma linguagem que deprecia a riqueza da nossa língua e difunde principalmente essa nova linguagem que apresenta uma inacreditável tendência à deterioração da comunicação. Isso pra não citar a influência desse fenômeno na cultura de desvalorização da educação, do sistema educacional como um todo, pela bandeira de uma suposta liberdade de expressão que é, em realidade, símbolo da perda do hábito de utilizar amplo vocabulário e respeitar as regras do nosso idioma.
A partir desse contexto criou-se a necessidade de adequar minha linguagem nos meios de comunicação social (facebook, sms, msn) à linguagem de meus interlocutores. Em detrimento do velho e bom português, que segue à risca a norma culta da linguagem.